*Por Talita Guimarães
Foram 56 dias desde então. O 28º ano de vida não tem pegado leve. É quase como se tudo já fosse sobre os 30. Há cansaço por baixo das pálpebras. E desinteresse por cima dos olhos.

Arte: Talita Guimarães
Aquela árvore formosa que a cada florada inspira esperança nos ciclos vindouros, em poucos dias foi despida pelo vento. Um irônico desamparo é a única reação possível.
Já não é como a crise dos 25, nem sobre quem não sei ser.
Agora é sobre o que faço com quem sei que sou e para onde eu mesma me levo.
Há tanto acumulado, do que se fez adulta na criança que sou. Que ao mesmo tempo em que a infância reside em mim, há uma rigidez em tom de ferrugem na criança que já não posso ser mais.
Aquela sensibilidade que tudo chora amainou. Em seu lugar, suspiros que apenas assentem, cientes que assinam termos de resolução.
E uma gota d’água que vez por outra ameaça cair, já é suficiente para arrebentar as represas do não dito.
Porque mesmo enquanto você segura todas as barras, se equilibra num surfe desajeitado por todas as ondas, e só tem 28 anos e algumas semanas, a sua casca ainda não tá grossa o suficiente para quem te vê desmoronar.
É que ao mesmo tempo em que a crio, a descasco. Como quem talha a si mesmo em busca da firmeza que não é rude, da delicadeza que não é frágil, da fortaleza que não é inacessível.
Depois de um tempo, quando a gente já sabe quem é, não fica mais fácil ser. Aí é que dói pra valer. Aí é que é sobre viver.
Talita Guimarães: Ensaios em Foco | Instagram | Twitter
Assim é a nossa trajetoria,sempre teremos que nos superar pra compreender quem somos e como estamos nos modificando sempre no intuito de crescer,melhorar e aprender nossas incertezas e certezas tambem. Assim crescemos.
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